Ciclista puxa fila no percurso da Circuito do estádio Morenão (foto-arquivo)

Um dos nomes de maior importância no ciclismo mato-grossense e sul-mato-grossense vive hoje longe das lentes dos fotógrafos, da imprensa e muitos não sabe que ali, bem na frente, está um campeão no pedal. Os familiares sabem dos bons momentos vividos por Nenito Monteiro em cima de uma bicicleta. Hoje, aos 76 anos, Nenito é hexa-campeão da antiga prova “Cidade de Campo Grande”, que era promovida pelo empresário Nelson Borges de Barros, da antiga Casa Vitor. Ele pendurou o “pedal” em 1980, mas a fama dele está bem guardada nas memórias daqueles que viram as conquistas do “Nenitão”.

Nenito guarda foto de 1975 lembrança da 9 de julho (arquivo pessoal)

Além disso, Nenito Monteiro tem seu nome gravado na mais importante prova do ciclismo brasileiro “Prova 9 de Julho”. Ele disputou quatro vezes a competição e por mais de 20 anos ficou a marca de uma 16ª posição, conquistada em 1975. Nenito representou então Mato Grosso na prova paulista com 412 participantes. A prova, organizada pelo jornal Gazeta Esportiva, tinha o percurso São Paulo-São Vicente-São Paulo. No dia seguinte, somente os classificados iam para a prova em Interlagos. A marca dele foi superada em 1996, quando o goiano Gilmar Elias Batista, da equipe Perkal/MS, fecho a prova no Ibirapuera na sexta posição. (Neste dia eu – Cláudio Severo – também estava lá e presenciei a conquista).

A história Nenito Monteiro se mistura com o início do ciclismo no MS/MT. Nenito conta que correu várias provas importantes, e que até chegou a ser “barrado” em algumas corridas em virtude vencer com facilidade. Ele conta o fato na cidade de Santo Antônio do Laverger (MT), onde havia vencido por três vezes seguidas, mas na quarta vez quando chegava próximo da reta final para mais uma vitória foi “parado” por um segurança, que apontou: “hoje quem vai vencer será um cuiabano”, dando risada. Fato igual aconteceu também nas cidades de Maracaju, Terenos, Aquidauana, Sidrolândia. Os bons resultados no Mato Grosso, levou Nenito a correr em Minas Gerais, São Paulo, entre outros.

Recebendo premiação da Corrida Campo Grande (arquivo)

A equipe montada pelo empresário Edison Ferreira, que até pouco tempo era presidente da Federação do Comércio, tinha a marca Centro Monark Brasciclo estampada na camisa. Nenito, Armando Azevedo e Lúcio (não lembra o sobrenome). Foram várias corridas, em que por equipe ganharam.

A força no pedal de Monteiro é revelada pelos treinamentos. Ele conta que sempre treinava nas madrugadas após um dia de serviço. Para andar nas rodovias, o ciclista tinha o aval de um delegado da Polícia Rodoviária Federal, que ele carregada na bike. “Senão tivesse esse documento, os policiais nas estradas cortava o pneu para impedir de andar no rolamento”, relata dando hoje risada do fato. “Muitas vezes eu ia até Dourados na casa dos familiares e dormia lá e retornava no dia seguinte”, e nunca mais me incomodaram.

Entre os rivais do pedal, Nenito Monteiro não esconde ter sido fã de Eduardo Gricenvicus. “Apesar dele ser mais velho que eu, tivemos bons pegas e ele realmente era de uma força impressionante”, relembra. Outro bom rival dele foi Marcos Ferreira. Um jovem promissor do ciclismo campo-grandense que foi um dos bons “sprintistas” no final da década de 70 e início de 80. Marcos acabou se mudando para Goiânia e por lá ficou.

Vivendo hoje em Campo Grande no bairro Joquei Clube (foto-EMS)

Hoje, depois de 17 anos vivido na cidade de Bonito, localizada 200 quilômetros da Capital, Nenito Monteiro está de retorno e por ele até teria vontade de retornar a pedalar, mas sabe que os tempos são outros. Além disso, teve um momento difícil há dois anos após se envolver em um acidente na saída para Cuiabá, na BR 163. O bairro Joquei Clube é hoje o recanto de descanso do ciclista que deixou um legado para muitos.

 

 

https://youtu.be/YMPTKK32oVU