A Associação de Cronistas Esportivos de Mato Grosso do SUL, através de sua diretoria e filiados, expressa toda a indignação com o desrespeito e a falta de consideração com que estamos sendo tratados por alguns clubes, alguns dirigentes, alguns membros da Federação de Futebol, pela Reitoria da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e por todos aqueles que de uma forma ou de outra tentam ou inviabilizam o trabalho dos cronistas esportivos do Estado.
O cronista esportivo é o elo entre os clubes, federações, dirigentes e jogadores com o maior patrimônio que futebol tem, que são os torcedores. Dificultar, impedir ou mesmo negar que estes profissionais exerçam seu trabalho, seja por qual razão apresentada, é colocar um muro entre o time de futebol e seu torcedor. Somos os maiores divulgadores do esporte. Não só do futebol (e no caso do Mato Grosso do Sul ainda acreditamos em um produto que muitos já desistiram ou simplesmente ignoram), mas de todas as modalidades.
O futebol no MS ainda caminha graças a poucos abnegados e mais recentemente aos incentivos do Governo do Estado. Incentivo este que chega até nós através de recursos repassados pela FFMS através de convênio com a FUNDESPORTE. Aliás muitos de nós são contra este repasse e me incluo entre estes que se sentem incomodados com isso. Mas sei que grande parte das equipes de esporte são dos cronistas sem vínculo com as emissoras de rádio e este recurso do Fundo do Incentivo ao Esporte acaba em muitos casos, sendo a tábua de salvação destas equipes.
Poucas empresas de rádio mantêm equipes próprias e tenho certeza, que quase não tem lucro ou chegam até a ter prejuízo nas transmissões esportivas do Campeonato Estadual de Futebol Profissional.
Uma das saídas apontadas por quem ainda acredita na redenção do nosso futebol é o investimento na base, na formação de atleta e no incentivo cada vez maior nas escolas de formação, de onde tem saído a maioria dos jogadores de Mato Grosso do Sul que hoje despontam no cenário nacional e internacional.
E apostando nisso e também acreditando que trabalhando na base um dia seremos fortes, que os cronistas esportivos de Mato Grosso do Sul se propuseram a divulgar e transmitir o Campeonato Estadual Sub 20. Para minha surpresa, há mais profissionais trabalhando nesta competição do que no Campeonato Profissional. Então pensei, estamos todos no caminho certo. Mas…
Jogos as 13 horas, falta de condições em alguns estádios e burocracia criada por alguns que se sentem os “donos da bola” e pasmem, o Morenão que muitos consideram o maior palco do futebol do MS, “não é a minha”, que precisa fechar as cinco e meia da tarde, pois os clubes jogam de graça e os funcionários da UFMS precisam ir embora dentro do seu horário de trabalho estabelecido por Lei, de forma justa, diga se de passagem, jogam por terra toda a esperança de dias melhores.
E o que isso tem a ver com o nosso trabalho? Tudo. O cronista esportivo chega primeiro e é último a deixar o local da competição e a falta de investimento na base com os clubes jogando de graça em um estádio público, mas que tem seus gastos e entre estes gastos deveriam estar na contabilidade, a contratação do pessoal necessário para atender todos envolvidos na competição; entre ele nós, não permite por exemplo que se faça uma jornada esportiva completa. Ficam prejudicados o pré-jogo, transmissão da partida e pós-jogo com os comentários, as análises e as projeções das próximas rodadas. Estádios sem o abastecimento de energia elétrica, fiações em péssimas condições, colocando em risco a integridade física dos cronistas e expondo seus equipamentos a serem danificados, banheiros em péssimas condições também são barreiras enfrentadas por quem se dispõe a realizar o nosso trabalho.
Pedir que Cronistas deixem um estádio de futebol, um ginásio de esportes, uma pista de atletismo ou qualquer outro espaço onde ele estiver fazendo seu trabalho antes que ele conclua a jornada por motivo de economia ou a falta de investimento de alguns clubes e responsáveis pelas praças esportivas é fingir que está trabalhando por um futuro melhor para o esporte sul-mato-grossense. É como fechar a cortina antes que o galã beije a mocinha ou que a taça não seja entregue ao campeão porque a novela vai começar.
Com as devidas desculpas para aqueles dirigentes que muitas vezes tiram do próprio bolso para investir no esporte e a estes fica o nosso agradecimento e reconhecimento, aos torcedores, dirigentes de clubes, da Federação, do Governo do Estado através da Fundesporte e todos aqueles que respeitam e acreditam nos cronistas esportivos de Mato Grosso do Sul, o nosso muito obrigado e este repudio não é para vocês. Somos vítimas da mesma situação e soldados da mesma batalha.
Mas a Crônica Esportiva de Mato Grosso do Sul não vai mais aceitar ser tratada com a falta de respeito que alguns “cartolas” nos dispensam. A estes o nosso mais profundo desprezo.
José Antonio Coca
Presidente da ACEMS