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Apito de Ouro: PC de assistente a instrutor da CBF

Aqui PC em um dos diversos cursos na CBF

Nem todos acreditam que um dia poderão se transformar em árbitro de futebol. Principalmente para uma criança nascida em Rio Negro, do Paraná, nos idos de 60. A infância vivida nos bairros de Campo Grande e Cuiabá poderiam muito bem tê-lo
transformado em um grande jogador de futebol, mas quis a vida que ele fosse a pessoa que julgaria no rigor da lei aqueles que se aventuraram na carreira de jogar.

Nascido Paulo Cesar Pereira de Freitas, simplificado para PC, começou a carreira em um curso em 1984, ministrado pelo então árbitro Lourival Ribeiro da Paixão. Naquela época, sem recursos tecnológicos, a aprendizagem era mesmo na leitura da regras, muitas em cópias de xerox, e a prática no coliseu dos bairros, campos empoeirados e no calor dos jogos varzeanos, como eram chamados.

“Iniciamos a carreira como quarto árbitro, coletando as listas de jogadores e as suas
carteirinhas da Federação, datilografadas e carimbadas. Tínhamos a função de auxiliar o
árbitro e a maioria dos campos não tinha alambrado ou qualquer tipo de garantia de
segurança”. Na sua busca por conhecimento, começou a carreira acadêmica viajando todos os dias para a Fifasul, Faculdade localizada na cidade de Fátima do Sul, na busca de um certificado d e nível superior no curso de Educação Física.

PC com os integrantes da equipe arbitragem do MS (foto-arquivo pessoal)

“O PC era o cara mais equilibrado do grupo, nunca se exaltava e seus conselhos quase
sempre se transformavam em realidade, sempre foi um prazer viajar todos os dias com
ele para Fátima do Sul”, segundo seu colega de jornada Marcos Borges Ortega.
Sua carreira avançou quando Amauri Ponciano de Aguiar, ex-árbitro carioca assume o
departamento de arbitragem e promove uma renovação total no quadro da Federação.
“Fazíamos as preliminares nos jogos profissionais no estádio Morenão. Certo dia, seria o
quarto árbitro e fui comunicado que o árbitro não viria e coube a missão de apitar o jogo.
Foi o início da carreira. Pelo meu desempenho fui premiado a apitar jogos do juniores entre
Comercial x Operário e daí ao profissional foi um pulão”.

Há época, eram obrigados a apitar e bandeirar os jogos, fato mudado pela FIFA em 1996, onde houve a criação do assistente, e assim, após formado escolhiam onde atuariam na arbitragem. PC escolheu ser árbitro assistente. Mudou-se para Bragança Paulista, e lá atuou na Liga Municipal, mantendo sua condição de aprender. Volta a Campo Grande e retoma suas atividades, ajudando a coordenar a equipe de arbitragem na então Copa
Kaiser, torneio amador de grande sucesso naquela época.

Em 1996 ingressa no Quadro da CBF e na implantação dos testes físicos, os árbitros de MS
precisariam ir a Curitiba –PR, e assim o fizeram de ônibus. Este, no meio do caminho
quebrou e para manter a forma, todos, fizeram suas caminhadas, corridas e exercícios a
beira da estrada enquanto aguardavam outro ônibus para seguir viagem. Fizeram o teste,
aprovado, PC estreou no campeonato brasileiro sendo assistente de Getúlio Barbosa no
jogo entre União de Araras x Internacional.

“Nessa data, aconteceriam as finais do Estadual de MS, e como havíamos viajado para o
teste da CBF, pela primeira vez foi trazido um árbitro de São Paulo e os nossos assistentes
não faziam parte do quadro da CBF”. Já com 37 anos estava disposto a abandonar a carreira, onde as escalas eram muito escassas e flutuavam bastante entre série A e muitas de série C, o Coronel Sidinei Barbosa recém empossado na direção de arbitragem o aconselhou a ficar mais um tempo. Ao fazê-lo surgiu um árbitro que na época estava acima da média, vindo de Corumbá, chamado Elvécio Zequeto. Ai tudo mudou. Com atuações brilhantes e com as orientações de Armando Marques, chefe da arbitragem brasileira, canalizou o melhor período para MS,com escalas todas semanas em jogos da Série A, foram 32 jogos nessa série. “Um fato marcante em minha carreira, foi na Vila Belmiro, jogo entre Santos e Goiás, o Leo, jogando pelo Santos levou um amarelo e quando tudo se encaminhava para um final tranquilo, ele simulou uma falta e o Zequeto aplicou o amarelo. Naquela época não existia bandeira eletrônica ou rádio comunicador e o lance tinha que ser resolvido no velho contato visual entre o árbitro e o assistente. Nesse lance não foi possível e o jogador terminou a partida com 2 amarelos. Passamos por um período de cobranças muito forte, mas sobrevivemos”.

A esquerda, PC atuou ao lado de Elvécio Zequeto (foto-arquivo pessoal)

Já prestes a se formar em Educação Física, faltando apenas 1 ano, houve a necessidade
de transferir seu curso para Campo Grande e veio completar sua graduação no IESF em
2006. E com a final do Estadual de 2008 entre Ivinhema x Misto, encerra a sua carreira de árbitro, passando a desenvolver o cargo de instrutor de arbitragem na Federação de Futebol de MS e logo em seguida ingressa no quadro de instrutores da CBF.
Dois grande mentores foram Vitor Pinto Barbosa e Alpineu Ramão onde o ensinaram que
em arbitragem, o aprendizado nunca acaba. E ele segue aprendendo.

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