-
- O atletismo de Mato Grosso do Sul aumentou em 27,5% o número de medalhas conquistadas na etapa nacional das Paralimpíadas Escolares 2019, em relação à edição anterior. A delegação sul-mato-grossense faturou 51 medalhas na modalidade e bateu 10 recordes escolares no maior evento do planeta para atletas com deficiência em idade estudantil, realizado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) em São Paulo-SP, de 19 a 22 de novembro. Os paratletas tiveram o apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte).
Participaram do atletismo das Paraesc 2019 atletas-alunos do gênero masculino e feminino, com deficiência física, visual e intelectual, com idade mínima de 12 anos (nascidos em 2007) e máxima de 18 anos (nascidos em 2001).
Das 51 medalhas trazidas na mala, 26 foram de ouro, 17 de prata e oito de bronze. O desempenho colocou Mato Grosso do Sul no quarto lugar por Pontuação Geral Escolar, com 640 pontos e em sexto no quadro geral de medalhas. Além do pódio, os paratletas do Estado terminaram 10 vezes na quarta colocação, duas na quinta e três na sétima, posições que ajudaram na somatória dos pontos.
Na 12ª edição, em 2018, os paratletas sul-mato-grossenses colocaram no peito 40 condecorações: 29 douradas, seis prateadas e cinco bronzeadas. As 51 deste ano representam 27,5% de aumento. De acordo com a auxiliar técnica Jessiane Rezende, o progresso na quantidade de medalhas realça a força de Mato Grosso do Sul na modalidade. “Somos bem vistos e respeitados a nível nacional. Somos fortes no desporto paralímpico. Sempre levamos bons atletas, formados desde a base até o alto rendimento”.
A novidade para este ano, tanto no atletismo, quanto na natação, foi a inclusão da classe 21, para jovens com Síndrome de Down. Nesta, a paratleta Ana Beatriz Barbosa, de 15 anos, sobressaiu-se, conquistando o ouro no arremesso de peso (F21) e o bronze no salto em distância (T21). “Não esperávamos tantos atletas nesta classe e as provas que eles competiram foram extremamente pesadas, como os 1000 e 800 metros. Temos a expectativa de investir no próximo ano na classe 21 e buscar mais os atletas com deficiência visual. São classes que vão se destacar ainda mais nos próximos anos”, ressalta Jessiane Rezende.
Mesmo com a organização, análise e registro de dados, Pietramale revela que o trabalho com o paradesporto deve, necessariamente, envolver amor. “Tem de ter o carinho, todo esse lado afetivo com os atletas, depois cobramos os resultados. Precisamos ter muito amor naquilo que fazemos”.
Desistir jamais
A campo-grandense Nathalya Mendonça tem baixa visão (classe T13) e nunca havia superado uma marca desde começou a praticar o atletismo. Agora, na capital paulista, bateu de cara três recordes escolares: 100m, em 14s38 (o anterior era 17s58 da sul-mato-grossense Joelma Lacerda); 400m, em 1min20s65 (ultrapassou o 1min24s46 também de Joelma) e no salto em distância, com 4,26 metros (antes, era 2,06m).
“É sempre bom ganhar medalhas, mas fazer marcas, no atletismo, é muito mais importante do que subir no pódio. Estamos sempre em busca de novos tempos e resultados. Eu fiquei em choque quando soube que bati três recordes, pela primeira vez”, confessa Nathalya.
A paratleta de 17 anos competiu suas últimas Paralimpíadas Escolares neste ano, por ter atingido a idade limite, de acordo com o regulamento do CPB. Ela revela que abandonou o atletismo, tentou migrar para o voleibol, mas descobriu que sua paixão era mesmo as pistas. O retorno aconteceu no começo deste ano, no projeto de atletismo desenvolvido na Escola Estadual Manoel Bonifácio Nunes da Cunha e fomentado pelo Programa Escolar de Formação e Desenvolvimento Esportivo da Fundesporte.
“Em 2015, treinei durante seis meses para uma competição de salto em altura, fui campeã estadual, só que tinha 13 anos, não pensava em crescer no esporte, só treinar por treinar. Fui para o voleibol, mas não me firmei e quis voltar para o atletismo, porque estava com saudade, é o que eu amo fazer, mesmo com os treinos pesados. Voltei com tudo, com o pensamento de não desistir mais e enfrentar qualquer dificuldade”, conta a atleta, treinada por Daniel Sena.
Nathalya é prima de Gabriela Mendonça, sul-mato-grossense que ficou em terceiro lugar no Mundial de Paratletismo neste mês em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A medalhista de bronze também foi revelada no mesmo projeto e treinada pelo mesmo técnico na instituição de ensino do Jardim Tarumã, na capital. “Ela começou onde estou começando agora, é muito bom ter alguém assim por perto. Ela me motiva a não desistir, sei que eu consigo chegar onde ela chegou. Sempre conversamos sobre as marcas e ela me aconselha a melhorar as minhas, porque posso estar sendo observada por algum técnico”.
Denner Turaça, de 16 anos, também foi recordista no evento paradesportivo escolar de maior destaque do mundo. Em São Paulo, também surgiu seu primeiro recorde a nível nacional. Assim como Nathalya, não foi só um, foram três de uma vez. O paratleta com baixa visão (classe T13) ultrapassou a marca dos 100m, ao cruzar a linha de chegada em 12s14 (o anterior era 13s95) e dos 400m, em 54s95 (1min00s19 era o recorde), além do salto em distância, prova na qual fez 4,77m (antes, era 4,53m).
Turaça treina há dois anos na Escola Manoel Bonifácio e não esperava voltar a Campo Grande com três recordes e muita novidade para contar aos familiares. “Estou surpreso até agora. É uma satisfação enorme bater um recorde, três nem se fala. No treino, bastemos nossas próprias marcas. Eu nunca tento bater um tempo de alguém, geralmente tento bater o meu, porque se ficar pensando sempre no de alguém, se essa pessoa piora, eu vou piorar junto. Para mim, é uma alegria imensa”.
“O Denner é um garoto muito esforçado, gosta de treinar e os seus treinamentos são muito fortes. Estas conquistas na vida dele são mais do que merecidas e tenho certeza que ele pode chegar ainda mais longe”, destaca o técnico Daniel Sena.
O sul-mato-grossense havia passado por duas frustrações, ao ficar inelegível por duas vezes, a última em Uberlândia-MG, durante a Fase Regional Centro-Leste, do Circuito Brasil de Atletismo. O paratleta não conseguiu se enquadrar nos critérios de avaliação da classe funcional.
“Não fui considerado um T13. Se não eu ficasse inelegível novamente nas Paralimpíadas, o professor aconselhou parar por tempo até adquirir confiança novamente. Decidimos ir a São Paulo, tentar de novo e consegui ficar legível, foi uma surpresa enorme e eu fiquei muito feliz. Quando um atleta fica inelegível, sentimos aquela vontade de estar lá na pista competindo, dá uma certa tristeza”, desabafa Turaça.
Confira abaixo todos os resultados do atletismo sul-mato-grossense nas Paraesc 2019. Os 10 nomes grafados em negrito são dos recordistas.
Ouro
Allan Robim – Salto em distância masculino sub-16 – Classe T13
Ana Beatriz Barbosa – Arremesso de peso feminino sub-16 – Classe F21
Denner Arantes – 100m masculino sub-18 – Classe T13
Denner Arantes – 400m masculino sub-18 – Classe T13
Denner Arantes – Salto em distância masculino sub-18 – Classe T13
Edson Dias – Arremesso de peso masculino sub-16 – Classe F20
Geovana Ribas – 75m feminino sub-16 – Classe T54
Geovana Ribas – Arremesso de peso feminino sub-16 – Classe F57
Geovana Ribas – Lançamento de disco feminino sub-16 – Classe F57
Hávilla Soares – 250m feminino sub-16 – Classe T12
Hávilla Soares – 75m feminino sub-16 – Classe T12
Hávilla Soares – Salto em distância feminino sub-16 – T12
Izabella Braga – Arremesso de peso feminino sub-14 – Classe F56
Izabella Braga – Lançamento de pelota feminino sub-14 – Classe F56
Joelma Lacerda – 1.500m feminino sub-18 – Classe T13
Jose Mario Pereira – 100m masculino sub-18 – Classe RR3 (petra)
Maisa Ferreira – 60m feminino sub-14 – Classe T54
Maisa Ferreira – Arremesso de peso feminino sub-14 – Classe F57
Maisa Ferreira – Lançamento de pelota feminino sub-14 – Classe F57
Nathalya Mendonça – 100m feminino sub-18 – Classe T13
Nathalya Mendonça – 400m feminino sub-18 – Classe T13
Nathalya Mendonça – Salto em distância feminino sub-18 – Classe T13
Rosiel Araujo – Lançamento de disco masculino sub-18 – Classe F37
Rosiel Araujo – Lançamento do dardo masculino sub-18 – Classe F37
Vitor Henrique Santana – 100m masculino sub-18 – Classe T34
Vitor Henrique Santana – 400m masculino sub-18 – Classe T34
Prata
Allan Robim – 250m masculino sub-16 – Classe T13
Allan Robim – 75m masculino sub-16 – Classe T13
Emelly Colman – Arremesso de peso feminino sub-18 – Classe F20
Emelly Colman – Salto em distância feminino sub-18 – Classe T20
Gleisimar Batista – 60m masculino sub-14 – Classe T37
Izabella Braga – 60m feminino sub-14 – Classe T54
Janaina Rocha – Arremesso de peso feminino sub-16 – Classe F13
Janaina Rocha – Lançamento de disco feminino sub-16 – Classe F13
Janaina Rocha – Lançamento do dardo feminino sub-16 – Classe F13
João Vitor Alves – Salto em distância masculino sub-16 – Classe T35
Joelma Lacerda – 400m feminino sub-18 – Classe T13
Jose Mario Pereira – 200m masculino sub-18 – Classe RR3 (petra)
Jose Mario Pereira – 400m masculino sub-18 – Classe RR3 (petra)
Lucas Gabriel Maciel – Salto em distância masculino sub-14 – Classe T37
Rosiel Araujo – 1.500m masculino sub-18 – Classe T37
Victoria Fagundes – 100m feminino sub-18 – Classe RR2 (petra)
Victoria Fagundes – 200m feminino sub-18 – Classe RR2 (petra)
Bronze
Ana Beatriz Barbosa – Salto em distância feminino sub-16 – Classe T21
João Vitor Alves – 250m masculino sub-16 – Classe T35
João Vitor Alves – 75m masculino sub-16 – Classe T35
Lucas Gabriel Maciel – 150m masculino sub-14 – Classe T37
Rayssa Garcia – 1.000m feminino sub-16 – Classe T20
Vitória Nascimento – Arremesso de peso feminino sub-18 – Classe F34
Vitória Nascimento – Lançamento de dardo feminino sub-18 – Classe F34
Vitória Nascimento – Lançamento de disco feminino sub-18 – Classe F34
Fonte: Lucas Castro/assessoria Fundesporte