Cidade pequena, campo modesto e meninos correndo atrás de uma bola com o sonho em comum: se tornar jogador de futebol. Esse cenário se repete em todos os cantos do Brasil. Mas em Jequeri, interior de Minas Gerais, em meio aos inúmeros futuros Ronaldos e Romários, havia uma aspirante a atleta. Era Maria Eduarda Ferreira Sampaio, ou melhor, Duda. Acima da média, a menina que se destacava nas peladas mal sabia que o futuro lhe reservava voos ainda mais altos. Com apenas 19 anos de idade, a jovem sonhadora alcançou sua principal meta: ser convocada para a Seleção Feminina Principal.

Uma das novidades da técnica Pia Sundhage neste período de treinamentos, Duda se encheu de orgulho com a convocação da sueca no início do mês. Ainda tentando assimilar seus primeiros passos pela Seleção Principal, a meio-campista do Cruzeiro destacou o próprio empenho e trabalho duro como fatores providenciais para a consagração do maior sonho de sua carreira.

“Fiquei sem palavras (com a convocação para a Seleção Principal), foi uma reação muito boa. Fiquei muito feliz, foi muito importante para mim. Por ser a primeira vez, você pensa e quase nem acredita (risos). Mas acreditar é trabalhar, e desde os anos anteriores eu venho trabalhando bem, tanto no Cruzeiro quanto nas categorias de base da Seleção, então eu esperava uma oportunidade. Uma hora ou outra tinha que vir. Agora é aproveitar bem essa chance para continuar assim”, disse a jovem atleta.

Treino da Seleção Feminina Principal na Granja Comary - 15/09/2020Treino da Seleção Feminina Principal na Granja Comary – 15/09/2020
Créditos: Thais Magalhães/CBF

De Jequeri para o mundo

Nascida em 2001, Maria Eduarda se apaixonou pelo futebol rapidamente. Durante a infância, o campinho de várzea próximo à casa dela se transformou em um parque de diversões para a jovem. Foi lá que Duda deu seus primeiros chutes na redonda e despertou a sua paixão pelo futebol. Com o apoio da família, a jovem viveu o esporte desde pequena.

“Eu costumo até brincar que eu nasci no campo (risos). Onde eu morava, tinha um campo do lado de casa. Então isso facilitou muito as coisas. Desde menina eu já via o futebol, já acompanhava meu irmão e meus primos no campo. Essa paixão nasceu em casa, acompanhando meu irmão, principalmente, aí só foi crescendo”, relembrou.

Com o passar dos anos, o talento de Duda se sobressaía cada vez mais, mesmo em meio aos meninos da região. Destaque com gols e títulos nos times amadores de Jequeri, a jovem foi recompensada com a inusitada ajuda de um morador de sua cidade que a inscreveu em uma ‘peneira’ de um clube profissional – o América-MG.

“No campo lá da minha cidade eu jogava com os homens. Sempre me sobressaí. Quando estava com 14, 15 anos comecei a jogar nas categorias de base da minha cidade. Tive alguns títulos como artilheira, títulos com a equipe. E daí teve um rapaz, de Jequeri mesmo, que me viu jogar e resolveu marcar um teste. Ele chegou para mim e falou: ‘Marquei um teste para você, vamos fazer?’. Eu falei: ‘Vamos’. E foi então que começou essa parte mais profissional. Fiz o teste no América-MG. Fiquei de maio até o final do ano como se fosse um período de experiência mesmo e no ano seguinte assinei meu contrato”, recordou a meio-campista.