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Depois da reação negativa, deputados e governador veta mudança do nome do Maracanã

Estádio foi construído para receber a Copa do Mundo de 1950 (foto-acs)

O governador em exercício do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, seguiu a recomendação da Alerj, que voltou atrás do próprio projeto de lei, para que a mudança de nome do Maracanã de Mário Filho para Rei Pelé fosse vetada. A decisão foi publicada no diário oficial do estado nesta quinta-feira.

A proposta foi recebida de forma negativa para boa parte da população e da imprensa, que alegaram que o estádio deveria continuar homenageando o jornalista que lutou pela sua construção nos moldes como ele ficou famoso no mundo todo: para mais de 100 mil pessoas, o que gerou a alcunha de ‘Maior do Mundo’, o que era fato em 1950, ano de fundação do estádio.

A proposta feita pela Alerj, à época, também causou mal-estar na família do homenageado. O neto de Mário Filho fez um desabafo ao LANCE! e criticou principalmente o deputado estadual e ex-jogador Bebeto (PODE), que foi relator do projeto de lei. Já o neto de Nelson Rodrigues, que era irmão de Mário filho, fez um apelo para que o governador vetasse a decisão, o que foi feito hoje.

Procurado para falar da decisão da Alerj em recomendar o veto, o neto do jornalista Mário Filho comemorou a mudança de postura da Alerj.

– Fez-se justiça. Isso tudo teve seu lado positivo: o quanto o meu avô é reconhecido como o grande homem que foi – disse Mário Neto.

QUEM FOI MÁRIO FILHO 

Nascido em Recife em 1908, capital pernambucana, se mudou para o Rio de Janeiro com a família na infância, em 1916. Iniciou a carreira de jornalista em 1926, nos jornais de propriedade do seu pai, Mário Rodrigues. No “Crítica”, trouxe um novo tipo de cobertura do futebol. Foi também nessa época que cunhou o nome “Fla-Flu“, que anos mais tarde seria lembrando também por seu irmão, Nelson Rodrigues como o clássico que “começou 40 minutos antes do nada“.

Em 1931, fundou o primeiro jornal do Brasil totalmente dedicado ao esporte: “O Mundo Esportivo”. No periódico, através da sugestão do repórter Carlos Pimentel, criou os desfiles das escolas de samba. O que se conhece até hoje. No início, disputado na Praça Onze. A ideia era preencher o seu jornal com matérias, que traziam notícias de futebol e remo.

Jornalista fez carreira no mundo esportivo brasileiro e principalmente no Rio
Cinco anos depois, em 1936, compra de Roberto Marinho, fundado do “O Globo”, o “Jornal dos Sports”. Além de criar diversos torneios como o Rio-São Paulo, usou o diário nos anos 40 para contrapor o vereador Carlos Lacerda, que defendia a construção de um estádio municipal em Jacarepaguá para a Copa do Mundo de 1950. Convencendo a opinião pública, conseguiu que sua ideia, um estádio em local mais centralizado, no bairro do Maracanã, com capacidade para mais de 150 mil pessoas, o maior estádio do mundo, fosse construído.

— Ora, evidentemente, o estádio nacional. Se há uma coisa que precise ser feita já, é o estádio nacional. Por uma razão simples: o Campeonato do Mundo vem aí —, disse Mário Filho em entrevista ao jornal “O Globo”, em 1947.

— Sou pelo estádio nacional, porque quero uma solução para o campeonato do mundo, uma solução completa, e não um arranjo, que seria a ampliação. São Januário já não chega para certos “matches” do campeonato carioca, é pequeno para as finais do campeonato brasileiro, transforma-se em um ovo em toda disputa de qualquer Copa. A ampliação faria com que se pudessem entrar em São Januário, para o Campeonato do Mundo, mais vinte ou trinta mil pessoas. Quer dizer, arrebentado de gente, São Januário comportaria setenta ou oitenta mil espectadores —, finalizou aquele que é considerado o maior jornalista esportivo de todos os tempos.

 

Quando foi inaugurado, o estádio ganhou o nome do prefeito da época: “Estádio Municipal Mendes de Moraes”. Batismo que não durou muito. Atrasos na construção, desvio do orçamento, mais a derrota do Brasil para o Uruguai na final da Copa do Mundo de 50, geraram um desgaste político e nova alteração para “Estádio Municipal do Maracanã”.

Em 1966, o Maracanã foi rebatizado de “Estádio Jornalista Mário Filho”, em homenagem ao seu maior entusiasta. A alteração ocorreu um mês depois do falecimento de Mário, vítima de um ataque cardíaco. O seu irmão Nelson Rodrigues, o homenageou com a alcunha de “o criador de multidões” por causa da sua influência na popularização do futebol no Rio de Janeiro.

cOM AGÊNCIAS

 

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