Técnico e diretor do Comercial são recebidos por Jaime Vallér, diretor de O Estado. Fotos: Bruno Navarro

O professor (Dênis Alacoque) brinca comigo até hoje quando falo da pressão. Quando cheguei em Campo Grande, peguei um carro de aplicativo na rodoviária. Quando entrei dentro do carro, percebi que o motorista era torcedor do Operário, relatei a ele que tinha acabado de chegar na cidade e jogaria pelo Comercial. O motorista praticamente mudou a voz e começou a falar mal do clube, que não ganhava nada. Eu mesmo não levei muito a sério, porque acredito no projeto, mas esse motorista começou a ficar bravo comigo e pensei na hora, esse rapaz vai me deixar no meio da rua. A viagem foi boa, mas esse motorista começou a falar sobre a história do Comerário e ao ouvir, percebi que tinha fechado contrato em um grande clube do futebol brasileiro, e estou pronto para os desafios”.  O relato bem-humorado é do centroavante, Enzo Martins.  

Sabedor das responsabilidades e sonhando com o crescimento pessoal e profissional, o atacante de 16 anos veio de Bombinhas (SC), com o objetivo de alçar voo em sua carreira. Ele é uma das promessas que visitaram, junto com representantes do Comercial e da FFMS (Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul), as dependências de O Estado. Muitos deles, pela primeira vez, participaram e gravaram entrevistas, e sentiram um pouco do clima de ser um jogador de futebol.

 Ao apostar nas categorias de base, o Esporte Clube Comercial iniciou o ano de 2023 em busca de uma uma nova identidade e reestruturação em seu futebol. Para enfrentar os problemas financeiros, um dos gigantes do futebol sul-mato-grossense olha diretamente para o sonho dos garotos, uma nova fase de olho no crescimento e no renascimento de conquistar e alcançar o sucesso.     

“ Quando fui contratado pelo presidente Cláudio Barbosa, me orientaram para reconstruir uma nova identidade que infelizmente perdemos com o tempo. O meu objetivo é resgatar diretamente na base, o futebol dos anos 80 que fez o Comercial ser o clube respeitado nos dias de hoje, detalhou o diretor da base comercialina, Ari Portugal para a reportagem do jornal O Estado MS. 

Pensamento grande move mineiro de 16 anos

Diretamente de Belo Horizonte, e sonhando em seguir os passos do seu ídolo Romário, o volante Ezequiel Mendes, de 16 anos, disse que a pressão é estímulo para vencer na vida. 

“Estou em Campo Grande há três semanas e quando recebi em mãos a oportunidade de vir para o Mato Grosso do Sul, virei o nariz pela distância, mas tive total apoio da família e do meu pai que ficou em Minas Gerais. Ele me disse que jogando pelo Comercial vou ganhar as oportunidades para crescer na profissão”, disse o jovem Ezequiel para a reportagem.  

O Diretor Esportivo do Colorado detalha sobre a sua visão no futebol, e relata o que deseja instalar na mente dos jovens desde da base até o futebol profissional.  “Hoje cuido dos garotos sub-13, sub-15 e sub-17 até o sub-20, e tenho objetivo de colocar na base a verdadeira identidade do Comercial, que é um futebol técnico, de visão, mentalidade e liberdade para os atletas possam driblar e fazer as suas jogadas.”.  

 

 Resgate da identidade é tema recorrente

“Estive no Operário por seis anos, e lá percebi que os atletas tinham como característica do clube, aquela gana de vencer, raça e muita vontade, o que é a identidade do Operário, que eu vejo mais voltado ao futebol gaúcho”, frisa Ari Portugal para a reportagem.  

“O Comercial já é diferente; desde dos tempos de glória, o Comercial tem o estilo mais voltado ao futebol paulista, que além da vontade, o atleta tem que ter visão, passe, e orientação tática em campo para realizar as jogadas. Além da raça, quero formar jogadores inteligentes, como é o estilo paulista e sempre foi a verdadeira identidade do Comercial”, acrescenta o dirigente. 

Ari ainda disse que essa nova identidade, vai trazer de volta o verdadeiro comercialino que estava distante do clube. “Não procuro jogador que beije o distintivo e sim aquele que honra e ame as cores do clube. Observo muito que o futebol de Mato Grosso do Sul perdeu essa identidade. Vejo muitos atletas de mais idade, que vem para o MS, joga e vai embora sem deixar a sua história no clube. Eu quero e busco jovens para construir uma mentalidade formada e chegar em outro clube respeitando as cores em que vestem, sem esquecer da sua formação”, disse o diretor esportivo.

 Com OEstadoMS