A paratleta Gabriela Mendonça Ferreira conquistou nesta sexta-feira (8.11) a medalha de bronze no Campeonato Mundial de Paratletismo, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A campo-grandense garantiu o terceiro lugar no salto em distância, na classe oftalmológica T12, para desportistas com baixa visão. Ao todo, a delegação brasileira fechou o dia com quatro medalhas: dois ouros, uma prata e um bronze, e possui seis no quadro geral. A competição teve início na quinta-feira (7.11) e segue até a próxima sexta-feira (15.11).
Na prova, Gabriela Ferreira atingiu 5,54 metros, logo no primeiro salto, sua melhor marca até hoje. Para obter a terceira colocação, a sul-mato-grossense teve de ser persistente, após sofrer lesão no pé direito, durante a quarta tentativa. A medalha bronzeada veio no sexto e último salto. A argelina Lynda Hamri (5,58m) encerrou a disputa na segunda posição e Oksana Zobkovska, da Ucrânia, faturou o ouro, com 5,73m.
“Tentei focar no meu melhor, não deixar isso [lesão] me abalar, pensei em todos os treinos e na minha trajetória para chegar até aqui, o quanto foi difícil e isso me manteve focada, pensando em dar o meu melhor para conquistar esta medalha”, afirma Gabriela, última brasileira a garantir no segundo dia do Mundial. “Eu esperava uma medalha hoje, mas não sabia que seria desse jeito, na superação. O tamanho da minha felicidade é gigantesco, nota mil”. No Mundial, a atleta sul-mato-grossense terá pela frente a prova dos 100 metros.
Gabriela Ferreira, de 21 anos, conheceu o paratletismo e teve formação de base em Campo Grande, por meio do Programa Escolar de Formação e Desenvolvimento Esportivo, da Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), na Escola Estadual Manoel Bonifácio Nunes da Cunha. A modalidade na instituição de ensino do bairro Tarumã tem orientação técnica do professor Daniel Sena, que também treinou Gabriela na Associação Seninha de Atletismo (Asa).
Além do programa escolar, a Fundesporte sempre apoiou a sul-mato-grossense em participações em competições nacionais e internacionais. Hoje, a paratleta defende o Instituto Elisangela Maria Adriano (Iema), de São Caetano do Sul-SP, mas carrega consigo gratidão ao Estado revelador.
Esporte como ferramenta de transformação e inclusão social
Para o diretor-presidente da Fundesporte, esta é a prova de que o esporte tem poder transformador social, o que motiva ainda mais a investir no desporto e paradesporto. “Acompanhamos diariamente, nos nossos programas, relatos de crianças e adolescentes que deixam as ruas, as drogas e passam a ter uma vida mais disciplinada, de respeito aos colegas e familiares. Quando existem casos como esse da Gabriela, nos emociona muito, porque esse é o ápice da capacidade do esporte, proporcionar aos nossos jovens vivências como esta”.
“Para chegar onde ela chegou, certamente a etapa dela nos programas esportivos do Governo Estado foi fundamental, ter sido orientada por um bom técnico e ter oportunidade das viagens, certamente teve um peso muito importante para ela chegar a esta conquista. Ficamos muito felizes e isso nos motiva cada vez mais a investir no esporte como uma política pública essencial para um mundo melhor”, reforça Miranda.
O técnico Daniel Sena vê a Fundesporte como um alicerce para estas conquistas, através do programa de fomento ao desporto escolar. “Se hoje existe alto rendimento, é porque existiu a base. Aí é que entra a Fundesporte, que atua dentro das escolas, com o Programa Escolar de Formação e Desenvolvimento Esportivo, no qual o professor atende o aluno no contraturno para os jovens que querem praticar um esporte. Foi e está sendo essencial na formação destes jovens. Espero que surjam outras Gabrielas. Se não tivesse esse programa da Fundação, não existiriam estes atletas”.
Sena ainda menciona como revelações do projeto Davi Wilker de Souza, bronze nos 400 metros dos Jogos Parapan-Americanos 2019, de Lima, no Peru, e Rayane Amaral dos Santos, segunda melhor atleta do Brasil nos 100 metros com barreiras. “O meu sentimento é de gratidão por ser um professor que integra este programa, responsável por revelar tantos atletas para representar o país”. O técnico ainda relembra, com nostalgia, do início de Gabriela no paratletismo, ao iniciar com 12 anos as atividades no projeto, e compara com o momento atual da atleta. Confira o áudio abaixo.
Com assessoria