Home LUTO NO ESPORTE Torcedora símbolo do Operário morre de complicações de saúde

Torcedora símbolo do Operário morre de complicações de saúde

Dona Cecília (direita) junto com as amigas "Marias" todas torcedoras do Galo


Aos amigos internautas que acompanha nosso trabalho quero escrever algumas linhas para a “dona Cecília”, do Jardim Paulista. Eu nasci no bairro e vi com os meus olhos o carinho que ele representou para todos os jovens na região. Eu, Carlos, Antônios, Hélios, Nivaldos, Jorges e tantos outros moradores que com as amizades dos filhos Naldinho e Hélio frequentávamos o quintal da residência. Uma mãe sempre sorridente que contagiávamos todos nos e que aglutinava todos os moradores da rua.

Dona Cecília “comandava” a torcida feminina dos nossos jogos que aconteciam no campo oficial do Jardim Paulista e no campo menor, onde hoje está instalado o colégio ABC. Ela que fazia a festa com filhas, amigas e com as próprias mães de todos nos, que em virtude dela também iam ao lado do campo torcer. Era diversão pura.

Também foi com ela que começamos a apreender que torcer para times diferentes não significava inimizade, mas sim alegria de cada um poder “tirar o sarro do outro”, sem qualquer agressão. Viver era realmente uma alegria. Com a construção do Morenão, o retorno dos finais dos jogos passava quase que sempre pela rua Rui Barbosa, de terra, na época, ao lado da residência. Quando o Operário vencia, imagine era uma festa só.

Torcedora do Operário desde que a conheci, dona Cecília viu o seu time de coração treinar no campo do Jardim Paulista, no cruzamento das ruas Salgado Filho com Rui Barbosa. De lá saiu a paixão pelo Galo. Sempre de ouvidos atentos as transmissões esportivas, dona Cecília sempre gostava de acompanhar os narradores. Pereira Guedes, Mário Mendonça, Rui Pimentel, Artur Mário, e tantos outros que ela sempre acompanhou.

A paixão pelo futebol fez com que um dos filhos até chegasse ao profissional. O mais novo Naldinho jogou na lateral do Taveirópolis. Confesso que não acompanhei sua trajetória, pois de 87 até 94 não estive em Campo Grande. O outro, Hélio, foi apenas um bom zagueiro nos nossos times da várzea do bairro e dos campos de Campo Grande.

E a paixão por esse Operário sempre foi motivo de muitas comemorações. As amizades surgiram e ela juntamente com as outras “duas marias” se tornaram um verdadeiro símbolo de amor pelo preto e branco. Em todos os jogos do Operário, sempre lá estava com seu sorriso.

Ela estava sempre junto com os torcedores do clube de coração (foto-arquivo pessoal)

A saúde debilitada pelo tempo e pela idade acabou perdendo o jogo aqui na terra. Mas com certeza ela está agora sorrido para Jesus e esperando que lá de cima possa acompanhar e comemorar mais uma vitória do seu clube do coração. É claro que eu não gostaria que isso acontecesse, pois até então o próximo jogo será contra um time vermelho onde ela sabe que tenho uma queda. Bom, mas pra falar a verdade, “dona Cecília” sabe e nos ensinou, que não importa quem vai ganhar, o que importa é possamos comemorar todos na mesma mesa sem nenhuma inimizade.

Em virtude dos decretos publicados, o sepultamento da torcedora operariana só pode ser acompanhado pelos familiares.

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