O sul-mato-grossense Yeltsin Jacques conquistou duas medalhas nos Jogos Parapan-Americanos de Lima, no Peru. O corredor foi medalha de bronze na prova de 5 mil metros e faturou o ouro nos 1,5 mil metros.
A segunda prova foi bastante disputada contra o norte-americano Joel Gomez. O brasileiro foi superado depois de liderar as duas primeiras voltas, mas conseguiu ultrapassá-lo nos metros finais da disputa e terminou com o tempo de 4m03s05 contra 4m03s22 do rival.
Na prova de 5 mil metros, o atleta-guia de Yeltsin, Rafael Santeramo, passou mal e a dupla teve que diminuir o ritmo, o que levou a ficar com o terceiro lugar. Na disputa seguinte o corredor foi para a disputa sem guia.
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Depois de 52 medalhas conquistadas nos três primeiros dias do atletismo nos Jogos Parapan-americanos, o Brasil teve um dia mais tranquilo no Estádio Atlético, em Lima. Foram “apenas” dez pódios com cinco ouros, quatro pratas e um bronze. Ariosvaldo Fernandes, que tinha ganho os 400m T53 na véspera, foi campeão também dos 100m. Na mesma distância, Fábio Bordignon subiu ao lugar mais alto do pódio na classe T35. Cícero Valdiran levou o título no lançamento de dardo F57. Já Daniel Tavares, apesar de ser bicampeão mundial e medalha de ouro na última Paralimpíada, teve que controlar o medo por conta de uma recente lesão e ganhou os 400m T20, mas a vitória mais emocionante de todas foi de Yeltsin Jacques nos 1500m T12.
ampeão dos Jogos Pan-Americanos de Toronto em 2015, Yeltsin Jacques liderou as duas primeiras voltas da prova, mas, no final da terceira, foi ultrapassado pelo americano Joel Gomez e pelo equatoriano Sixton Moreta, que começaram antes o sprint. O brasileiro, no entanto, não desistiu e apertou o passo, deixou Moreta para trás e foi diminuindo a diferença para Gomez até que, nos últimos metros, conseguiu ultrapassá-lo para ficar com a medalha de ouro.
“Eu consigo sentir uma presença muitas vezes do atleta passando, consigo ver um vulto. Senti que os dois me passaram, um de cada lado. Da mesma forma que eu fui fazer a virada na chegada, eu não sabia, mas tinha a torcida brasileira, que me ajudou muito, me empurrou. Tinha bastante gente do Brasil lá na curva dos 200m. Começaram a gritar vai que é nossa e que o americano tinha quebrado. O pessoal estava vendo , enxergando a expressão dele e a minha expressão. Sabiam que eu estava mais inteiro e que dava para ganhar”, explicou Yeltsin, que é deficiente visual e foi guiado pelos gritos de quem estava na arquibancada para a vitória. “O que garantiu a medalha foi a torcida hoje”, agradeceu o atleta, que foi batizado em homenagem ao ex-presidente da Rússia, Bóris Yeltsin.
“Meu pai era militar na época, era terceiro sargento do exército, e ele fala que o Bóris Yeltsin foi um pacifista. Eu nasci em 1991, época do fim da União Soviética e da guerra fria”, explicou o Yeltsin, que desde o ano passado passou a se dedicar à maratona, prova pela qual pretende conseguir vaga para a Paralimpíada de Tóquio. “Objetivo agora já é focar na maratona de Buenos Aires, dia 22. Estaremos lá querendo fazer um bom resultado e, se Deus quiser, já fazer o índice”, espera o atleta